quarta-feira, 21 de outubro de 2009

Canto

Não me peça para calar a voz;
O sonho está vivo na aurora que desperta;
Não me peça para esquecer os caminhos, que ainda não trilhei;
Nem me pergunte se irei voltar, a estrada é longa e há tanta vida além;
Sei que o tempo é fugidio e é preciso correr para alcançar a vida que se faz passos urgentes...
E não se perder nas madrugadas, reprimindo todo o deseja que há no peito.
Não me peça para aceitar a paz dos acomodados, que dormem tranqüilos sem lançar-se ao desafio de transformar o que quer que seja, enquanto faz a vida acontecer;
Não me peça para acomodar-me, assim jamais eu teria a verdadeira paz!
Não queira que eu cale esse grito...
Não me peça para falar de amor que não seja o amor gerado nas lutas das conquistas coletivas;
Às vezes esquecemos que amor também é uma forma de liberdade;
Não queira que eu fale de alegria somente se a dor sangra suas feridas;
Nas favelas, nos hospitais, nas filas, becos escuros, quartos trancados e presídios...
Não queira que eu feche as portas e me anule, enquanto humano que ousa nos construir...
Nem diga que não vale esse canto, deixemos o sol romper em nós, quando nossos olhos se inundam de brisa no crepúsculo de fim de dia.
(Francisca Elizabeth Alexandre – Massapé – CE)

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