terça-feira, 2 de março de 2010

"Vocês não podem servir á Deus e ao Dinheiro "


Júlio Lázaro Torma*




Eis que a Campanha da Fraternidade Ecumênica,nos remete a uma frase evangélica,tirada do Evangelho do Apóstolo São Mateus.

O Evangelho nos fala da escolha entre dois deuses.Entre YHWH,o Deus da Vida,pregado por Jesus e o seu projeto de vida e de Reino e o dinheiro,o dracma,o projeto do deus fenício Mamon ou Mamona,que era o deus do dinheiro,assim como o deus Moloc, a qual era sacrificado e queimado as crianças.

Mamon era o significado de dinheiro,ele era o deus do luxo,da riqueza e da prosperidade para a religião fenícia.

Olhando o contexto do discurso de jesus,a frase vem após o discurso do Sermão da Montanha,onde ele inverte a lógica reinante na época e atual de quem poderia serem considerados como pessoas felizes e abençõados por Deus,os herdeiros e cidadãos de seu reino,os escolhidos para habitarem no Reino de Deus ou no Reino dos céus.

Para os fariseus e saduceus,só entrariam no Reino ou eram predestina dos,quem cumpri-se os 600 preceitos,no caso só quem conseguia cumprir,era quem tinha riquezas e eles próprios.

A massa popular em sua maioria estava condenada e excluída de serem cidadãos do Reino de Deus. Jesus em toda a sua vida pública,inverte os destinatários de sua mensagem e os membros do Reino dos céus,agora são os deserdados da terra( cf. Mt 5,1-12; Lc 4,14-21;6,20-26).

Neste versículo,ele exorta: "Ninguém pode servir a dois senhores.Porque,ou odiará a um e amará o outro,ou será fiel a um e desprezar o outro.

Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro"(Mt 6,24). DEUS e o dinheiro são dois senhores com tendências opostas;não é possível entregar- se inteiramente a Deus e depois buscar nas riquezas e os bens deste mundo.

Ou como cita anteriormente no mesmo discurso;"De fato,onde está o seu tesouro,ai está também o teu coração"( Mt 6,21). A sociedade deve escolher uma das duas tendências para atingir o seu ideal,o de Deus e do dinheiro,pois quem ama um acaba por desprezar o outro. Servir a DEUS é a prática da justiça,da igualdade entre todos,onde os meios de produção,a terra,a água e o ar estejam ao alcance e serviço do bem comum e onde todos podem ter acesso. O amor pelo dinheiro,destrói o próprio ser humano,fazendo- o ser escravo das suas próprias vaidades e ambições pessoais,caindo no consumismo desenfreado,no supérfluo,na corrupção e na violência,onde oprimo o outro e garanto a manutenção e reprodução de um sistema econômico e político injusto.

Onde tudo se tranforma em mera mercadoria,desde a terra,água,alimento,a força dos trabalhadores,sonegando o seu salário e retirando os seus direitos em nome da livre concorrência entre as empresas e livre iniciativa.

Para Jesus o amor a DEUS,conduz a uma prática,como o justo pagamento do salário aos trabalhadores,desde aquele que é contratado na última hora,como aquele que está desde o nascer do sol( cf. Mt 20,1-16;mt 10,10).

Jesus como sendo homem do campo e da aldeia,defende um outro modelo econômico, diferente daquele da cidade.

O seu projeto é a onde há partilha,solidariedade entre as pessoas e todas se sintam iguais.Ele segue a linha profética de critica do sistema econômico tributario e comercial das cidades que só trás sofrimento aos pobres( Am 2,6;5,11-12;Is 5,8).

Segundo alguns a crise econômica,iniciada pela quebra do setor imobiliário estadunidense em 2008,acabou,segundo outros estamos ainda vivendo os seus efeitos que atinge a economia global e poderá durar até cinqüenta anos.

A crise econômica mundial iniciada em 2008,nos lança perguntas e desafios,sobre em que tipo e rumos de economia em que nós queremos construir e viver em nosso pais e no mundo globalizado. Eis que somos desafiados a mudar e construir um novo modelo econômico,financeiro que supere o fracassado e depredador sistema capitalista e os seus inúmeros ciclos de crises econômicas. Devemos romper com as cadeias do sistema capitalista e do modelo neoliberal,que fabrica pobreza e exclusão. E construirmos um modelo que respeite a natureza e que suprime as necessidades básicas e inclua a população mais pobre do planeta. Como cristãos ou não estamos diante de uma escolha difícil,servir a um falso deus,um ídolo que nos conduz a destruição da nossa vida e do planeta.

Ou de um Deus que é Vida,que exige testemunho de fé e de serviço de fato.Eis que temos que romper as cadeias e criar alternativas de uma outra economia possível e necessária.

Um outro mundo sem exclusão em que caiba outros mundos.


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*Membro da Equipe diocesana da Pastoral Operária da Diocese de Pelotas(RS)

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