sexta-feira, 16 de outubro de 2009

RISO LÁ ONDE MORA O ESQUECIMENTO


Mais uma vez me dispus a colaborar com a comunidade e fui realizar algumas visitas de campo as famílias que são acompanhadas por determinado Programa de Governo.
Em um dos bairros mais pobres da cidade de Pelotas, lá onde moram muitas pessoas esquecidas pelo tempo, lugar onde os meios de comunicação apresentam como centro de violência, droga, prostituição etc.
Por acreditar que nas coisas simples nos realizamos, peguei papel e caneta, encontrei uma colega e partimos ao encontro de quase 40 famílias por lá, ansioso com o que encontraríamos fomos despidos de qualquer comentário ou preconceito.
Vistamos uma, duas, e de repente em meio a um passeio, ou seja como se fosse uma viela ouço uma batucada, parecia ensaio de escola de samba mirim, nos primeiros passos.
Dobramos na quadra e nos deparamos com um grupo de 4 crianças, onde nas mãos traziam alguns potes velhos, alguns destes postes talvez pegos no lixo e na outra mão um pauzinho e ali eles executam aquele som orquestrado com total maestria.
Emocionei-me, lembrei-me que a essas crianças falta um pouco de possibilidades, olhei para eles e sorria não podia deixar de elogiar aquela bonita composição.
Quando se deram conta que estávamos admirados com eles, mais que depressa ritmaram e sorriam junto.
A você que esta lendo esse texto espero que possa captar o tamanho da emoção sentida, nós não sabemos muitas vezes buscar a felicidade, aqueles quatro meninos viviam mesmo que por um instante o seu momento de felicidade, de contemplação, a platéia não era grande mas emoção transmitida valeu por muitos.
Olhando pra essa realidade que infelizmente é a de muitos percebo o quanto ainda falta pra que nosso país, estados e municípios sejam lugares mais aconchegantes e investidores de recursos na arte, não falo na arte contemporânea, plástica, admirada por poucos, mas sim da arte de viver, ser alegre.
Depois do que vi seria ingrato não escrever com muita humildade.
Durante algumas quadras não me cansei de olhar pra trás e continuar contemplando o que aquelas crianças transmitiram a mim.
Que a cada dia possamos nos dar mais conta de que o essencial de fato é invisível aos nossos olhos e que são as pequenas, simples coisas que nos faz muito felizes.
Boa luta a todos nós.


(Escrita por André Moura em 15/10/09 Pelotas 16h00min)

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