sábado, 7 de fevereiro de 2009

Dom Helder Câmara


"Se eu dou comida a um pobre,me chamam de santo,mas se eu pergunto por que ele é pobre, me chamam de comunista" (Dom Hélder Câmara)

Hoje 7 de Fevereiro,celebramos o centenário do nascimento de Dom Hélder Câmara,uma das grandes personalidades da História do Brasil atual e dos lutadores do povo brasileiro e latinoamericano.

Dom Hélder ou simplesmente "Dom",como era carinhosamente chamado pelo povo simples e por todos os que o conheciam,foi junto com o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Dom Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduino,Dom Ivo e Dom Aloisio Lorscheider e Dom.Luciano Mendes de Almeida,um dos grandes nomes do episcopado brasileiro. Dom Hélder Pessoa Câmara,nasceu no dia 7 de fevereiro de 1909,em Fortaleza no Ceará,era o 11 filho de João Câmara Filho e de Adelaide Pessoa Câmara,numa familia de 13 filhos,sendo que cinco filhos morreram numa epidemia de difteria. Opai era maçon e a mãe católica práticante.

Quando decide entrar para o seminário seu pai lhe perguntou: "Filho,sempre ouço dizer que tu queres ser sacerdote.Sabes o que isso quer dizer?Sabes que ser sacerdote não permite ser egoísta? Ser sacerdote e ser egoísta é impossível! São duas coisas que não se casam".

Teve apoio do pai e entrou para o seminário em 1923,com 14 anos de idade,em 1931 é ordenado padre.Teve contato com as idéias anticomunistas e se aproximou da Ação Integralista Brasileira(AIB),de Plinio Salgado que defendia o fascismo brasileiro. Atuou na LEC(Liga Eleitoral Católica)partido católico fundado por Dom Sebastião Leme.Trabalhou a pedido do governador cearense na secretaria da educação,onde teve uma atuação como secretario. Nos anos de 1940 vai para o Rio de Janeiro e atua nas favelas,organiza as jornadas catequéticas,a pedido do Cardeal Jaime Câmara vai atuar na Ação Católica.

É sagrado bispo por Cardeal Jaime Câmara em 1952 e no mesmo ano ajuda a fundar a Confêrencia Nacional dos Bispos do Brasil(CNBB),onde foi secretário doze anos,em 1955 ajuda a fundar a Conferência do Episcopado Latinoamericano(CELAM) e funda as Cáritas brasileiras em 1956.

Cria no Rio de Janeiro a Cruzada de São Sebastião e o Banco da Previdencia que tinha como objetivo,o combate a fome,a pobreza e a miséria em que viviam os favelados da capital fluminense. Participa do Concilio Vaticano II(1962-1965),a convite do Papa João XXIII,e atua no grupo "IGREJA DOS POBRES",que defende uma igreja despoja da de poderes,uma igreja dos pobres e comprometida evangelicamente com as causas dos mais pobres. Participa da II Conferencia do Episcopado Latinoamericano em Medellin(1968),é bispo de Olinda e Recife(PE), tem com auxiliares o jovem padre Antônio Henrique Pereira Neto,que é assassinado por um comando de apóio a ditadura militar(1969),e o futuro monge beneditino Pe. Marcelo Barros. Tem diversos amigos perseguidos e presos pelo regime militar brasileiro. Funda em Recife a obra assistencial Frei Francisco de ajuda as pessoas carentes.Teve o seu nome indicado ao Premio Nobel da Paz, mas teve a sua candidatura caçada por uma manobra do governo militar.

Em 1982 recebe os colonos sem terra acampados em Encruzilhada Natalino no interior de Ronda Alta(RS). Sofreu calúnias e difamações de setores comprometidos com os militares,foi um defensor dos Direitos Humanos,ele mostrava na sua vida e pregações a verdadeira humanidade de Jesus Cristo. Apoiava a organização dos oprimidos,para quem o criticava respondia: "QUEM NÃO QUER UM MUNDO MAIS HUMANO E MAIS JUSTO?"

Morava na sacristia da Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem,quando se mudou do Palácio Episcopal para está igreja um empresário amigo,manda um caminhão baú,carregar a mobilia e Dom Hélder lhe apresenta a sua pequena maleta e fala "é tudo que tenho".

Defendeu os Direitos Humanos e o Evangelho como instrumento de libertação dos pobres,era um defensor e promotor da Teologia da Libertação. Visitava os bairros pobres de sua arquidiocese de Recife e Olinda. Antes de morrer em 27 de agosto de 1999 em Recife(PE),defendeu um novo milênio sem fome,miséria,pobreza e exclusão com a campanha:Ano 2000 sem miséria,segundo ele:"Temos de entrar no terceiro milênio sentados à mesa,comendo alegres e saudáveis,abrigados da fome do vento e do frio".as suas palavras continuam proféticas e atuais num mundo marcado pela fome a miséria.

Celebrar o centenário de "Dom " é viver e construir um mundo mais justo e fraterno como ele sonhou. Pois quem vive no coração do povo jamais morre.


Lazaro Torma

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